Os agentes comunitários de saúde (ACS)
de 11 municípios da região são os principais beneficiados com o novo curso de formação
e aperfeiçoamento ministrado pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde da Baixada
Fluminense, através do Núcleo de Educação Permanente da Baixada. Com o tema
central “Identificação e Manejo das Violências Familiares”, o curso se
subdivide em três módulos, e alternará aulas teóricas e atividades práticas a
serem realizadas pelos agentes comunitários de saúde na própria comunidade. A
capacitação está atendendo cerca de 100 profissionais.
De acordo com o coordenador pedagógico
do NEP/Cisbaf, Dr. Ricardo Mattos, o número de casos de violência familiar
associados a problemas de saúde têm prevalência de 90%, se forem consideradas
todas as formas de violência. “Estudos mostram que a violência física entre
casais está em torno de 50% das ocorrências registradas na Baixada Fluminense,
o que torna a questão um problema de saúde pública”, explica Mattos.
O coordenador, que é pesquisador da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), avalia que o fenômeno leva a perdas
produtivas diárias, afetando a vida cotidiana das pessoas e da comunidade, e
trazendo limitações das mais variadas, inclusive, sociais e no trabalho.
Segundo artigos apresentados por Mattos, a violência é apontada como uma das
principais razões de afastamento e perda de produção laboral nos adultos. Daí,
a relevância do tema ser debatido pelas equipes da Estratégia de Saúde da
Família, especialmente os agentes comunitários de saúde, por estarem mais
próximos da comunidade.
– O ACS é principal elo da equipe de
saúde e a comunidade. Por essa razão, ele acaba identificando mais facilmente
os casos de violência intrafamiliar e condições crônicas. E o curso visa
mostrar a melhor forma de abordagem, manejo e tratamento dessas situações – enfatiza
Mattos acrescentando que outros temas também serão debatidos, como território,
territorialização, equipe multidisciplinar, ética e bioética, enfim conteúdos que
tragam maior eficiência e qualidade ao trabalho desenvolvido nas comunidades.
O resultado dessa capacitação
realizada pelo NEP/Cisbaf será foco de estudo e análise do pesquisador em um
novo projeto que está desenvolvendo junto à UERJ, denominado ‘Trama e Rede Viva
– Tecendo Diálogos entre Cultura, Política e Violências’. “Quero dar potência
aos dados de pesquisa e vincular essa rede de serviços à academia”.