Abril
A tarde desta quinta-feira (03/04) foi de grande emoção. A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu homenageou Alyne da Silva Pimentel, gestante de Belford Roxo, que morreu por complicações do parto no ano de 2002 no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI/Posse). A UTI Materna da Nova Maternidade Mariana Bulhões foi batizada com o nome de Alyne, cujo caso foi levado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, que em 2007 responsabilizou o Estado brasileiro pela morte da moça.
Maria de Lourdes da Silva Pimentel, mãe de Alyne esteve presente na solenidade e ficou bastante emocionada. “Esta UTI vai ajudar muitas mães e, por isso, eu acredito que sou uma vitoriosa. Hoje eu sinto como se minha filha estivesse renascendo, espero que ela nasça um pouquinho em cada mãe que passe por esta UTI”, disse. A UTI Materna da unidade foi batizada com o nome de Alyne desde a inauguração em dezembro de 2013, em parceria com o Ministério da Saúde, a Prefeitura de Nova Iguaçu incluiu a seguinte inscrição na placa: “Reparação simbólica em reconhecimento de sua morte evitável. Pela melhoria da qualidade do atendimento à saúde das mulheres”.
Para o secretário municipal de Saúde de Nova Iguaçu, Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr., a saúde da cidade, que ficou abandonada durante muitos anos, está sendo reestruturada. “Desde que assumimos esta gestão, o prefeito Nelson Bornier nos deu como desafio a melhoria da saúde das mulheres, felizmente temos contado com o apoio irrestrito do Ministério da Saúde e avançado muito. Temos nos empenhado em evitar que casos como o de Alyne se repitam em nosso município. Ano passado conseguimos reduzir a mortalidade materna em quase 72%, inauguramos a Nova Maternidade Mariana Bulhões, que em 90 dias realizou mil partos sem nenhuma morte materna e já estamos trabalhando na ampliação da unidade, que terá sua capacidade dobrada”, explicou o secretário dizendo que a meta é zerar o índice de mortalidade materna na cidade.
A diretora do Departamento de Certificação de Entidades Beneficentes e de Assistência Social do Ministério da Saúde (DCEBAS), Dra. Cleusa Bernardo agradeceu a Nova Iguaçu pelo trabalho que vem realizando na área da Saúde. “Nova Iguaçu tem evoluído muito e quero agradecer por todo o esforço que tem sido feito para que as melhoras aconteçam. Não é possível reparar as perdas e dores, mas estamos tentando fazer o possível para buscar o melhor. Temos avançado, mas ainda há muito a fazer”, afirmou.
A solenidade contou com a presença de parentes de Alyne e de representantes do Ministério da Saúde, do Conselho Intermunicipal de Saúde da Baixada Fluminense (Cisbaf), do Conselho Municipal de Saúde, da Procuradoria Geral do Município e da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres e da organização internacional Centro de Direitos Reprodutivos.
Mais sobre o caso Alyne
Em 16 de novembro de 2002, então com 28 anos de idade e 27 semanas de gestação, apresentando vômito e dor abdominal, a vendedora de bijuterias Alyne da Silva Pimentel procurou atendimento em uma Casa de Saúde em Belford Roxo. Uma ultra-sonografia constatou a morte do feto. Tendo sido realizado o procedimento médico para retirada do bebê, o estado de saúde de Alyne se agravou e ela entrou em coma. Foi então transferida para o Hospital da Posse. Sem um documento em que constasse seu histórico clínico, ficou esperando horas no corredor da unidade por atendimento até morrer.
O caso foi levado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, que em 2007 responsabilizou o Estado brasileiro pela morte da moça. Foi a primeira vez que um comitê internacional de direitos humanos emitiu uma decisão considerando a morte materna como violação de direitos humanos.
Fonte: Assessoria de Imprensa PMNI - Texto: Elaine Cutrim / Fotos: Everton Barsan